quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Todo homem tem direito a três minutos de insanidade



"Todo homem tem direito a três minutos de insanidade." Com esse, digamos, argumento, calcado em uma frase do ministro Carlos Velloso, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Ordem dos Advogados do Brasil, seção de São Paulo, aceitou ontem o pedido de inscrição do bacharel em Direito Jorge Eduardo Rubies. Ele ganhou quinze minutos de fama em julho de 2001, quando ameaçou de morte, por e-mail, Velloso e os demais ministros do STF. A inscrição só foi aceita depois que o advogado pediu desculpas, também por e-mail, ao presidente do STF, ministro Marco Aurélio.

O relator do processo de inscrição, conselheiro Raul Husni Haidar, entendeu que a ameaça foi feita em um momento de ira. Justificou-a, no parecer, com uma frase que Velloso pronunciou em 7 de novembro de 1999, no encerramento da 26ª reunião de presidentes de subseções da OAB/SP, em Águas de Lindóia: "...certamente estava naqueles três minutos de insanidade que nós todos, que todo homem, todo dia passa... .

Depois de citá-la, Haidar escreveu: "Ora, se um ministro do Supremo admite que pode decidir questões de grande relevância para a nação durante esses três minutos de insanidade, havemos de admitir que um jovem de menos de 30 anos está sujeito a tal risco."

Embora tenha ouvido o discurso do ministro, Haidar omite, no parecer, o contexto em que a frase foi dita. Trata-se de trecho em que Velloso responde a críticas do advogado Antônio Carlos Mariz de Oliveira sobre alterações do STF em artigos do Estatuto da OAB. Numa boutade com Mariz, Velloso concedeu: "Eu não sei se eu votei assim, mas se votei, certamente estava naqueles três minutos de insanidade que nós todos, que todo homem, todo dia passa".

(Fonte: Jornal do Brasil, 23.08.2001)

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