Por: Roberto Parentoni, Advogado Criminalista
O dia 11 de agosto, que muitos colegas comemoram como sendo o Dia do
Advogado – este datado de 19 de maio, dia de Santo Ivo, o padroeiro –
marca, na verdade, a instalação dos cursos jurídicos no Brasil, que
completa 190 anos de exercício. Duas escolas de Direito, criadas por lei
promulgada pelo imperador D. Pedro I, marcam o início desta longa
história: uma foi instalada em Olinda, Pernambuco, e outra em São Paulo.
Nada contra comemorarmos por duas vezes a data, porém me parece
relevante saber o que exatamente comemoramos. De qualquer forma, avalio
as duas efemérides dignas sim de comemoração, pois trata-se de uma
profissão e de profissionais essenciais em qualquer ambiente que se quer
civilizado e democrático.
Embora tratando de tema festivo, por razão de bom senso e honestidade
não posso deixar de mencionar que os cursos de direito, sobretudo nos
últimos anos, surgiram em profusão no nosso País. Muitos deles,
infelizmente, não têm a qualidade mínima necessária, o que resulta na
formação de profissionais não lá muito bem preparados. E apesar do exame
da Ordem, alguns desses conseguem passar pela peneira. A Ordem, pelo
poder político que possui e pelo valor que lhe confere a sociedade, tem a
obrigação de monitorar estes cursos. O mal se corta pela raiz!
Aliás, por falar em Ordem, urge que desperte e se imponha na defesa
de nossas prerrogativas. Vivemos tempos difíceis no exercício da
profissão: querem nos calar! Muitos juízes não dão a mínima importância
para os advogados, da mesma forma alguns promotores, delegados de
polícia e por ai vai…
Calando o advogado não se faz Justiça. Muitos operadores do Direito
esquecem ou desconhecem que a advocacia é um preceito constitucional, do
artigo 133 da Constituição Federal. Não acredito que alguém que
desconheça os preceitos constitucionais possa se considerar um
distribuidor verdadeiro de Justiça. Não, não acredito!
Sorte que todo advogado tem ao lado o seu padroeiro, o Santo Ivo,
também conhecido como o defensor dos pobres. Do jeito que anda a
advocacia, qualquer ajuda vinda do céu será sempre bem recebida. Mas
enquanto esta ajuda não chega, nós advogados temos que encarar os
desafios da realidade, não sem antes comemorar o 11 de agosto tomando
umas e outras no boteco da esquina e aplicando um sonoro “PINDURA”. Esta
tradição, criada pelos românticos acadêmicos de Direito de outrora, não
pode, de maneira alguma, cair no ostracismo.
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