São Paulo -  Com medo de que a mulher, Elize Matsunaga, matasse sua amante, oempresário Marcos Matsunaga, executivo da Yoki, mandou blindar o Pajero TR4 (avaliado em R$ 74 mil) que deu para ela. A revelação foi feita por Roberto Parentoni, advogado de N., mulher de 23 anos que aparece em imagens de vídeo abraçada a Marcos. Ela é considerada pivô da briga do empresário com Elize, que está presa e confessou ter matado e esquartejado o marido.
“Marcos estava preocupado com a integridade física da minha cliente. Ela já o havia alertado sobre o risco que ambos corriam, mas o Marcos estava mais preocupado com a segurança dela, tanto é que mandou blindar o carro”, disse o advogado. Parentoni afirmou que N. não revela sua identidade porque está com medo. Ele nega que ela fosse uma “simples amante” do empresário, dizendo que Marcos namorava N. há um ano e nega que a tenha conhecido em um site de classificados de acompanhantes” — o primeiro encontro teria sido em feira de eventos.
“Minha cliente não era garota de programa. Era modelo e recebeu R$ 27 mil apenas uma vez, não era mesada”, diz Parentoni. Segundo ele, a família de N. mora no Ceará, é humilde e foi quem o contratou. Ele defende que ela dê novo depoimento à polícia. “Ela está sendo tratada como prostituta. Ela foi garota de programa, mas bem antes de conhecer o Marcos. Ela o amava”, diz.
O advogado também diz que Marcos e a amante tinham planos de morar juntos e que procuravam apartamento. Segundo ele, N. contou que Marcos havia afirmado que, após a separação de Elize, deixaria a filha com a mulher. A afirmação contradiz o depoimento de Elize, que disse que um dos motivos da briga, que resultou na morte do empresário, foi porque Marcos disse que ficaria com a guarda da criança, em caso de separação.
Para MP, o crime foi premeditado
Na denúncia entregue ontem à Justiça de São Paulo, o promotor José Carlos Cosenzo, do Ministério Público, afirma que o crime foi premeditado, movido por vingança, e não passional como argumenta a defesa de Elize.
Elize, que ficará presa até o julgamento do caso, foi denunciada por homicídio triplamente qualificado — motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e meio cruel — e por ocultação de cadáver. O promotor também pediu e obteve a conversão da prisão temporária em preventiva.
De acordo com o MP, uma das motivações do crime seria financeira porque Elize era beneficiaria única de um seguro de vida que Marcos fez no valor de R$ 600 mil.
Ela ainda teria enganado os sogros. Segundo a denúncia, no dia seguinte à morte de Marcos, quando a família deu queixa do seu sumiço, Elize pegou as imagens da traição com o detetive que contratou, mostrou aos sogros e disse que a mulher do vídeo era o motivo de Marcos ter fugido de casa. Elize também mandou e-mails do computador do marido para a família e para a empresa, como se fosse o próprio empresário: ‘Fale para mamãe e Elize ficar tranquila, que estou bem’, dizia uma das mensagens.